A Raça Companhia de Dança abriu a 31ª edição do Festival de Dança do Triângulo

A Raça Companhia de Dança abriu a 31ª edição do Festival de Dança do Triângulo

A Raça Companhia de Dança, que abriu a 31ª edição do Festival de Dança do Triângulo, na noite deste último domingo, 27 de julho de 2025, é hoje um dos grupos mais significativos da dança contemporânea brasileira, reconhecido por sua técnica apurada, linguagem artística inovadora e compromisso com a difusão da cultura afro-brasileira através do movimento.
Fundada em 1993, em São Paulo, a companhia surgiu do desejo de Roseli Rodrigues em explorar as raízes culturais do Brasil, mesclando elementos do jazz, da dança moderna e de técnicas urbanas, sempre com uma abordagem que valoriza a diversidade. Formada em Educação Física, Roseli Rodrigues criou, ainda na Academia Long Life, que fundou em 1991, embrião da atual companhia, o espetáculo “Raça” embalado pela canção homônima de Milton Nascimento que devido ao êxito deu nome ao grupo que escreveria a importante trajetória do moderno jazz dance no Brasil.

Roseli não apenas integrou a companhia como também se tornou uma das principais responsáveis por popularizar essa linguagem de dança, caracterizada por sua dinâmica, fluidez e conexão com as emoções. Ela acabou por criar uma abordagem única na dança combinando a técnica norte-americana do jazz com influências brasileiras, o que resultou num estilo singular.

Sua metodologia de ensino influenciou gerações de bailarinos, enfatizando a importância da musicalidade, da expressão corporal e da improvisação. Além de seu trabalho na Raça, Roseli atuou como professora em diversas escolas e projetos sociais, democratizando o acesso à dança e fortalecendo a cena cultural paulistana. Sua morte precoce, em 2014, deixou um legado inestimável, mas sua presença permanece viva nos passos dos dançarinos que ela formou e nos espetáculos que ajudou a criar.

Hoje, são os três filhos de Roseli – Renan, Marcel e Isabella – os responsáveis por manter vivo o seu legado e as suas coreografias como “Cartas Brasileiras” que, lembra Renan, contaram com o patrocínio dos “Correios”, exatamente por versar sobre as correspondências dos brasileiros, no caso das cartas enviadas e recebidas por bailarinos da companhia, alguns de amor, outras de raiva, outras para os familiares e as narrativas dos fatos ordinários do cotidiano que se tornam extraordinários nos passos da dança. A obra é uma homenagem à diversidade cultural do Brasil, explorando ritmos, gestos e narrativas que remetem às tradições populares, à herança africana e às influências urbanas.

Com coreografias que transitam entre o lúdico e o dramático, Cartas Brasileiras utiliza a linguagem do jazz contemporâneo – marcante no estilo da companhia – para contar histórias que refletem as contradições e belezas do país. A montagem dialoga com música especialmente criada por Fabio Cardia e cujos acordes rementem à músicas que marcaram os brasileiros nos últimos anos, a trilha preferida dos amores e dos encontros e desencontros, detalhes tão pequenos, por isso extraordinários, da vida de todos nós.

Por Carlos Franco

 

Fotografias: Francisco Junior

Editoria

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