A FORÇA E O VIGOR DO MARCAT DANCE

Carlos Franco
As bailarinas Marilisa Gallicchio e Alessia Sinato, italianas que integram a companhia espanhola de dança Marcat deram um show de vitalidade e desenvoltura no palco do Teatro Municipal de Uberlândia dentro da programação do 31º Festival de Dança do Triângulo promovido pela Associação dos Profissionais de Dança de Uberlândia (APDU). Convidadas do projeto do SESC “Dança em Trânsito”, as bailarinas trouxeram novas visões da arte, encantando o público. Pela primeira vez no Brasil, Marilisa e Alessia também se encantaram com a cidade, especialmente o Parque do Sabiá, minúsculo santuário de preservação do bioma cerrado ameaçado pela fúria insana do Congresso Nacional com sua PL (Projeto de Lei) da Devastação.
Com a apresentação deste grupo internacional, o Marcat Dance da Andalusia, e a competição entre grupos de dança da região, a APDU vai colocando novamente o Festival de Dança do Triângulo nos trilhos, dos quais havia se descarrilado quando deixou de lado a competição e se transformou apenas em mostra de grupos locais.
A dança é movimento, é diversidade, é troca de visões e de culturas, como pontuou Marilisa, que deixou a Itália para seguir à Espanha em busca do seu crescimento profissional, pois é desse movimento que a dança se renova.
Já a competição entre grupos sempre será saudável, sempre trará o aperfeiçoamento essencial para que a dança cumpra o seu papel de encantar distante da arrogância dos que se acham o máximo e trocam o extraordinário movimento das trocas pelo o ordinário “dèjá vu”, como diriam os franceses, em português o que já visto e, muitas vezes repetido, daí o cheiro de naftaliana de edições deste importante festival quando lamentavelmente ficou sob o comando de donos de academias locais e se tornou pequeno, ainda que tenha começado grande, tenha se tornado referência.
Oxalá, a APDU siga o colocando no trilhos. Nesse esforço, impossível não citar o papel desempenhado por Cláudia Guerra, Dr, Higino e Fabão, vereadores que, por meio de suas emendas, possibilitaram o vigor ao qual o público, gratuitamente, tem tido acesso à dança no Teatro Municipal de Uberlândia que permite à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo exercer o papel para o qual foi criada, de suporte à produção local que busca o aprimoramento e as interelações que resultam naquilo que é a dança: movimento e ao trânsito que atrai o turismo, gera renda e entretenimento.
Foi impressionante, espetacular e espetaculoso ver no palco a sincronia perfeita de corpos em “Dual”, coreografia de Mario Bermudez Gil e da cofundadora americana da companhia Marcat, Catherine Coury. Passos rápidos e precisos para marcar as relações afetivas que nos cercam, os encontros e desencontros, a paixão e o ódio que nos rodeia, aquilo que nos torna humanos na nossa jornada de passos rápidos, lentos e precisos.
Fotografia: Francisco Junior