Projeto “Oficinas de Brincar” reúne equipe multiprofissional para promover o desenvolvimento infantil

Projeto “Oficinas de Brincar” reúne equipe multiprofissional para promover o desenvolvimento infantil

O projeto “Oficinas de Brincar” foi estruturado para atender crianças com atraso no desenvolvimento e vulnerabilidades psicossociais, utilizando atividades lúdicas conduzidas por equipe multiprofissional. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Secretaria de Saúde e implementada pela Missão Sal da Terra, contou com a colaboração da psicóloga infantil Reilla Mendes Lemes, na fase piloto e implementação inicial, contribuindo para a estruturação da proposta.

O projeto será apresentado em uma Roda de Conversas, durante o I Simpósio Multiprofissional da Atenção Primária (SIMAP), no dia 16 de outubro, em Uberlândia. A atividade reunirá especialistas de diferentes áreas da saúde, entre eles Reilla Mendes Lemes (Psicologia/UFU), Cláudia Izelda Aparecida Rodrigues (Saúde da Família/IPP), José Antônio Amâncio (Saúde da Criança/UFU), Júlia Buiatte (Fisioterapia/UFU) e Luciana Gonçalves Correia (Ortodontia/IQO). O encontro tem como objetivo sensibilizar profissionais e estudantes para a importância do olhar integrado sobre o desenvolvimento infantil, destacando o brincar como recurso fundamental para estimular habilidades, prevenir atrasos e fortalecer vínculos no cuidado à criança.

Origem e Estrutura do Projeto

A proposta surgiu quando os psicólogos da Atenção Primária à Saúde (APS) passaram a questionar o papel que as crianças ocupavam na rotina dos atendimentos, especialmente após os dois anos de idade. Segundo Reilla, o acompanhamento após essa idade ocorria de forma mais pontual – geralmente durante campanhas de vacinação ou em situações de doença –, o que evidenciava uma lacuna no acompanhamento do desenvolvimento infantil. Essa constatação, somada ao aumento dos casos de autismo, impulsionou a discussão sobre os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e estimulou o desenho de um projeto que contemplasse um atendimento mais abrangente e contínuo.

Cada ciclo do projeto é composto por 10 encontros. Nesses encontros, profissionais de áreas diversas – como psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, dentistas, assistentes sociais e farmacêuticos– conduzem atividades que vão desde jogos e contação de histórias até práticas de dessensibilização e estimulação. Esse formato permite a contribuição de cada área para alcançar objetivos terapêuticos específicos e, ao mesmo tempo, possibilitar a integração entre crianças neurodivergentes e aquelas sem diagnóstico, promovendo habilidades sociais, comunicacionais e intelectuais.

Implementação

Reilla destaca que a ideia do projeto foi construída a partir de experiências e questionamentos diários da equipe. “A gente começou a sensibilizar os profissionais, relembrando as brincadeiras da infância e entendendo como essas atividades poderiam ser incorporadas no atendimento”, afirma a psicóloga. Essa abordagem colaborativa fez com que os profissionais encontrassem sentido e engajamento na implementação das oficinas.

A profissional aponta para a importância de criar um ambiente onde a criança seja vista de forma integrada, levando em conta sua singularidade e a necessidade de um espaço que permita o desenvolvimento do brincar. Para Reilla, a prática do brincar é essencial para a construção de vínculos e para oferecer um ambiente de aprendizado que respeite as etapas do desenvolvimento, sem a imposição de cronogramas rígidos.

Integração com as famílias e resultados observados

Outra vertente valorizada no projeto é a inclusão dos pais e responsáveis. Em cada ciclo, os familiares participam de momentos de orientação, onde são apresentadas as bases do desenvolvimento infantil e os efeitos positivos das brincadeiras simples. Reilla ressalta que trabalhar com os responsáveis é uma forma de reforçar o compromisso com o cuidado integral. “Mostrar para esses pais que o vínculo e a responsabilidade não se limitam ao ambiente das oficinas torna o processo mais efetivo e cria uma rede de apoio.

Para Karen Gonçalves dos Santos, mãe da pequena Júlia, que participou das Oficinas de Brincar, o projeto representou uma verdadeira transformação. “A oficina foi muito importante para a minha filha e para toda a família. Como a Júlia tem TDAH, ela precisa de bastante atenção, e ali ela se sentiu realmente acolhida. Notamos uma diferença significativa no comportamento e no desenvolvimento dela durante o tempo em que participou. Acredito que seria essencial que o projeto tivesse continuidade, pois foi algo muito positivo para nós”, relata.

Desde o início, em 2024, as oficinas têm sido realizadas em polos localizados nos bairros São Jorge, Shopping Park e Morumbi. No primeiro ano de implementação, aproximadamente 50 crianças – incluindo aquelas com autismo, TDAH e outros perfis – participaram das oficinas. Tanto os profissionais quanto os pais têm constatado ganhos relacionados à socialização, comunicação, comportamento, cognição, autocuidado e aspectos motores e emocionais.

Perspectivas

Os planos ainda para este ano envolvem a expansão dos polos onde as oficinas são realizadas, visando oferecer o projeto a um número maior de crianças, independentemente da região. Reilla enfatiza que a continuidade e ampliação das atividades poderão contribuir para a redução de prejuízos no desenvolvimento infantil, permitindo que cada criança desenvolva suas habilidades, de forma respeitada e de acordo com seu ritmo.

O projeto segue sendo desenvolvido pela equipe multiprofissional da APS, com foco na integração das diversas áreas e no engajamento das famílias, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento infantil em um ambiente que privilegia a ação conjunta dos profissionais e a participação ativa dos responsáveis.

A atuação da equipe tem sido decisiva na implementação e no amadurecimento do “Oficinas de Brincar”. Por meio de uma abordagem pautada em atividades lúdicas e na integração entre diferentes áreas do conhecimento, o projeto mostra os primeiros resultados na promoção de um cuidado mais abrangente, que permite às crianças expandirem suas capacidades e interagirem, de forma mais plena, no seu processo de desenvolvimento.

SERVIÇO
I Simpósio Multiprofissional na Atenção Primária (SIMAP 2025)
Uberlândia – MG
15 a 17 de outubro de 2025
Público-alvo: profissionais de saúde, estudantes, gestores e pesquisadores
Atividades: minicursos, palestras, rodas de conversa, exposição de trabalhos
Informações: https://www.simap2025.com/

Inscrições: https://www.even3.com.br/1-simposio-multiprofissional-na-atencao-primaria-simap-591534/

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