OURO PRETO: RIQUEZA E BELEZA
Carlos Franco
Cercada por montanha e igrejas, a cidade mineira de Ouro Preto, distante 625 quilômetros de Uberlândia, é de uma beleza fulgurante que emerge em meio à neblina da manhã e ganha belos contornos noturnos quando as luzes se acendem.
Palco do movimento de Independência do Brasil de Portugal, liderado pelos inconfidentes na figura de Tiradentes, a cidade que foi fundada em 1711 chegou a ser a maior da América Latina em 1730, quando tinha 40 mil habitantes e era o centro da produção de ouro no país, onde preserva ainda hoje a Casa dos Contos, onde esta riqueza mineral era fundida.
Nesta época, Ouro Preto exibia o dobro da população de Nova York, então a emergente cidade americana. Seu casario colonial, de uma beleza intacta lhe valeu, em 1980, o título de Patrimônio da Humanidade da Organização das Nações Unidas (ONU).
Suas igrejas guardam os maiores tesouros da arquitetura colonial e da escultura de estilo barroco com obras do mestre Aleijadinho, um dos maiores gênios do Brasil que a lepra foi corroendo, mas que não o impediu de deixar um legado de grande e rara beleza, hoje mundialmente reconhecido.
É esta cidade que abriga em vários casarios coloniais as famosas e hospitaleiras repúblicas de estudantes da Faculdade de Minas de Ouro Preto. É que a cidade, mesmo com o fim do ciclo do ouro, manteve e repassa o conhecimento de mineração, que a fez tornar-se um epicentro de riquezas e tradição na manipulação do ouro. Suas colinas, suas escadarias e suas igrejas atraem, todos os anos, milhares de turistas que se sentem, literalmente, passeando num belo cartão postal.
Orgulho dos mineiros, Ouro Preto respira cultura em cada canto, cada esquina, cada janela, e o seu artesanato em pedra sabão, que foi usada também na produção da arte barroca do século 18, atraem tanto como artesanato como de peças utilitárias como as famosas panelas, onde a comida era preparada em fogões de lenha e saborosamente servida. Muitos restaurantes da cidade preservam a tradição para alegria dos turistas.
A comida mineira de Ouro Preto, com forte presença de carne suína, é famosa em todo o mundo. São receitas que, passadas de geração em geração, se perpetuam.
Uma cidade que merece a visita de todos por sua tradição histórica, por seu museu que guarda a importante luta do povo brasileiro que deu origem à bandeira que clama pela liberdade e que, ainda que tardia, chegou: Libertas quae sera tamem.
Muito mais bela que cidades como São Paulo, Nova York ou Londres, Ouro Preto é símbolo do Brasil, de suas riquezas, da formação cultural e econômica de nossa gente e está sempre de portas abertas aos visitantes.
Entre os locais mais procurado para passeio está a famosa e poética fonte de Marília, a do inconfidente Dirceu que resultou num dos poemas mais famosos do cancioneiro da independência. São, no entanto, suas igrejas do século 18 que atraem turistas do mundo inteiro a exemplo da de São Francisco de Assis que guarda o maior acervo vivo da arte barroca e as maiores e mais importantes esculturas de Aleijadinho.
O visitante fica deslumbrado com a riqueza de detalhes, uma característica do estilo barroco, e a forma como compõem o todo com cores deslumbrantes. O brilho do ouro é pequeno diante da grandeza da arte do mestre Aleijadinho. A alegria dos universitários dão outro colorido especial à cidade que vale mais que um conto, são milhares de contos ao longo do tempo, incluindo dos de réis, que foram cunhados na Casa dos Contos.
Outro Preto reluz para sorte dos mineiros, dos brasileiros e da humanidade na qual figura como um dos maiores tesouros do mundo.