Campanha Julho Amarelo: prevenção, diagnóstico e tratamento das Hepatites Virais
No Brasil, as hepatites virais representam um desafio significativo para a saúde pública. Conforme dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2022, foram confirmados 750.651 casos de hepatites virais no país, sendo a hepatite C a mais prevalente (39,8%), seguida pela hepatite B (36,9%) e hepatite A (22,5%). Em termos de mortalidade, entre 2000 e 2021, foram registrados 85.486 óbitos, com a hepatite C sendo responsável pela maioria das mortes (76,1%), seguida pela hepatite B (21,5%) e hepatite A (1,5%).
Tipos de Hepatites Virais
Existem vários tipos de hepatites virais, sendo os mais comuns as hepatites A, B e C.
Hepatite A:
Transmissão: Principalmente por ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes de uma pessoa infectada.
Sintomas: Fadiga, náusea, dor abdominal, perda de apetite, febre leve e icterícia (pele e olhos amarelados). Nem todos os infectados apresentam sintomas.
Prevenção: Vacinação, boas práticas de higiene e saneamento básico.
Hepatite B:
Transmissão: Através do contato com sangue, sêmen ou outros fluidos corporais de uma pessoa infectada. Pode ocorrer via relações sexuais, compartilhamento de agulhas e de mãe para filho, durante o parto.
Sintomas: Febre, fadiga, perda de apetite, náusea, vômito, dor abdominal, urina escura, fezes claras, dor nas articulações e icterícia. Os sintomas podem variar de leves a graves.
Prevenção: Vacinação, uso de preservativos e não compartilhar agulhas ou outros instrumentos cortantes.
Hepatite C:
Transmissão: Principalmente através do contato com sangue contaminado, como no compartilhamento de agulhas. Menos comumente, pode ser transmitida por via sexual ou de mãe para filho, durante o parto.
Sintomas: Muitas pessoas não apresentam sintomas na fase inicial. Quando presentes, podem incluir febre, fadiga, falta de apetite, náusea, vômito, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia.
Prevenção: Não existe vacina para a hepatite C. A prevenção inclui evitar o compartilhamento de agulhas e instrumentos cortantes, além do uso de preservativos.
De acordo com a hepatologista Luma Severino Azambuja e Guimarães, do Mater Dei Santa Clara, as Hepatites Virais são consideradas infecções silenciosas, pois na grande maioria das vezes não apresentam sintomas, e por isso acabam sendo descobertas quando a doença já está muito evoluída, com cirrose ou até com câncer de fígado. Quando apresentam sintomas, eles são inespecíficos, tais como: falta de apetite, náuseas, vômitos, febre baixa, mal-estar e cansaço.
Medidas gerais de prevenção
A vacinação é uma medida eficaz na prevenção das hepatites A e B, com vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). “A vacinação contra a hepatite B é recomendada para todos e o esquema vacinal é composto por três doses, com intervalo recomendado de um mês entre a primeira e a segunda e de seis meses entre a primeira e a terceira dose.
Atualmente, a vacina Hepatite B é indicada em primeira dose o mais precocemente possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade, já que cerca de 90% dos bebês contaminados pelo vírus ao nascer evoluem para hepatite crônica”, explica a médica.
Práticas adequadas de higiene, como lavar as mãos e consumir alimentos e água de fontes seguras, são essenciais para prevenir a hepatite A. O uso de preservativos em todas as relações sexuais é uma forma de prevenir a transmissão das hepatites B e C, que podem ser adquiridas por meio do contato sexual desprotegido. Garantir que instrumentos médicos, de tatuagem e de manicure sejam devidamente esterilizados é fundamental para prevenir a transmissão das hepatites B e C.
Importância dos exames de rastreio e diagnóstico precoce
A realização de exames de rastreio e o diagnóstico precoce das hepatites virais são fundamentais para o controle e o tratamento eficaz dessas doenças. Aqui estão alguns pontos-chave sobre a importância desses exames:
Detecção assintomática: Muitas pessoas infectadas com hepatites B e C podem não apresentar sintomas por longos períodos. Sem sintomas visíveis, essas infecções podem passar despercebidas e progredir para complicações graves, como cirrose e câncer de fígado. Exames de rastreio permitem a detecção precoce, mesmo em indivíduos assintomáticos.
Prevenção de complicações: Diagnosticar as hepatites virais em seus estágios iniciais permite iniciar o tratamento antes que ocorram danos significativos ao fígado. Isso pode prevenir o desenvolvimento de cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente.
Redução da transmissão: Indivíduos diagnosticados precocemente podem tomar medidas para evitar a transmissão do vírus a outras pessoas. No caso da hepatite B, a vacinação de contatos próximos e o uso de preservativos são medidas preventivas essenciais. Para a hepatite C, evitar o compartilhamento de agulhas e instrumentos cortantes é crucial.
Tratamento eficaz: Para a hepatite C, os tratamentos antivirais disponíveis são altamente eficazes e podem curar a infecção em mais de 95% dos casos. O diagnóstico precoce permite que os pacientes iniciem o tratamento antes que a doença cause danos irreversíveis. No caso da hepatite B, o tratamento pode controlar a replicação do vírus e prevenir complicações, embora não cure a infecção.
Cumprimento das Metas Globais: O diagnóstico precoce é uma peça-chave para atingir as metas globais estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas metas incluem diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais até 2030 e tratar 80% dos diagnosticados. Esses objetivos são fundamentais para reduzir a mortalidade e a incidência de novas infecções.
O diagnóstico precoce das hepatites virais é primordial para reduzir a mortalidade e as complicações associadas à doença. No Brasil, estima-se que 520 mil pessoas tenham hepatite C, mas ainda estão sem diagnóstico e tratamento. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais até 2030. “Por isso o exame de sorologia para detecção do vírus no sangue é de suma importância para o diagnóstico precoce”, afirma Luma.
Tratamento
O tratamento das hepatites virais varia conforme o tipo de hepatite. Para a hepatite C, existem medicamentos antivirais extremamente eficientes que podem curar a infecção em mais de 95% dos casos. Para a hepatite B, o tratamento pode não curar a infecção, mas é capaz de controlar a replicação do vírus e prevenir complicações como a cirrose e o câncer de fígado.
Conscientização
A campanha Julho Amarelo, de Luta Contra as Hepatites Virais, é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais. Com esforços conjuntos e comprometimento, é possível avançar na eliminação dessas doenças e garantir uma melhor qualidade de vida para milhares de pessoas.