A NOITE ILUMINADA DE JACK WILL

Carlos Franco
O músico, compositor e instrumentista Jack Will iluminou o palco do Teatro Municipal de Uberlândia com a força e o poder da ancestralidade na noite da sexta-feira, 11 de abril de 2025. Brindou a vida e os sons de um dos primeiros instrumentos criados pelo homem, o tambor, que daria origem ao atabaque, a caixa, a cuíca, o surdo, a zabumba, o repique, o tamborim, o pandeiro, o timbal, o tarol, o malacacheta, o repique de mão, o repique de anel, o repinique, a bacurinha, o rebolo e o rototomo.
É desses instrumentos ancestrais com o qual os primeiros homens se comunicavam e que escavações na Mesopotâmia revelaram a existência três mil anos antes da era cristã que Jack Will tirou as notas-base de suas riquíssimas e vibrantes composições.
Música que faz ressoar a mais genuína cultura do Sertão da Farinha Podre, onde a cidade de Uberlândia se assenta e que tem nas congadas a sua expressão máxima apesar de néscia vereadora, sem decoro e sem respeito, ter ocupado a tribuna da Câmara Municipal de Uberlândia na tentativa de macular a cidade e os seus cidadãos, a nossa ancestralidade, aquilo nos torna filhos deste lugar.
Ancestralidade, diga-se, foi a marca do show que marcou os 20 anos da brilhante carreira de Jack Will celebrado no palco com a presença de nomes de peso da música mineira como Aloízio Horta, Felipe Vilas Boas, Breno Mendonça e Julia Ribas com sua voz potente e o corpo sempre em movimento. Na simplicidade de sua grandeza, Jack Will convidou os pais para subirem ao palco, agradecendo o fato de, quando era menino – e ainda o é porque não perdeu o brilho nos olhos das descobertas – para agradecer o fato de terem enfrentado fila para matriculá-lo no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli, onde aprendeu a explorar as primeiras notas. O pai, orgulhoso do filho, chamou a família numa demonstração de que histórias e trajetórias de vida se entrelaçam neste chão onde Jack Will semeia vibrantes canções.
Nesta noite iluminada, o músico deu início à turnê Black Buddha 2025 com a qual levará aos quatro cantos do país a sua alegre musicalidade presente em canções como Mantra Minazz, Samba Cerrado, É Samba Que Dhá e Minas Sambando em Pernambuco, além da vibrante Menino Jesus para a qual Julia Ribas empresta sua potente voz. Com a grandeza e a simplicidade dos fortes, Jack Will, passarinho que é, agora segue viagem levando música para outros púbicos, outras paragens.
Aqui, neste Sertão da Farinha Podre, vamos cultivando, como o poeta gaúcho Mário Quintana, a máxima na forma de licença poética de que esses que aí estão, atravancando o nosso caminho, passarão, e, nós, passarinhos que somos, passarinharemos pelas terras, pelas águas, pelos ventos e, madeira de lei que somos, seguiremos como o músico acendendo o fogo das canções e deixando incendiar os nossos corações.
Vá lá, Jack Will, pequeno William na sua grandeza, espalhar beleza e força por aí.