IDO FINOTTI PINTOU UBERLÂNDIA E VIROU GALERIA
Carlos Franco
Durante décadas os uberlandenses conviveram com a presença da Confeitaria Na Hora, de Ido Finotti, mas ali não eram servidos apenas o café quentinho e os pães de queijo, além das guloseimas doces que nos encantam e dão prazer, mas também a pintura, os quadros de paisagens da cidade e região. É que esse descendente de italianos, que nasceu em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, e chegou a Uberlândia nos anos de 1940, aprendeu aos 12 anos de idade o ofício de pintor parietal, aqueles que levavam para as paredes a pintura de arte, fosse de paisagens ou ornamentos decorativos.
Inspirado pelo que aprendeu e com a queda da demanda para este tipo de pintura, Ido decidiu arriscar a sorte em Uberlândia, onde já tinha familiares, e abriu a Confeitaria Na Hora, para onde levou sua pintura, além das paredes, para as telas.
Fez tanto sucesso que o empreendimento logo se tornou uma espécie de galeria informal, diferente da que hoje leva o seu nome e fica no prédio da Prefeitura Municipal de Uberlândia.
Ido Finotti, que faleceu em 1980, aos 81 anos, deixou um acervo de mais de 500 telas em que revelou a beleza do cerrado e da região, assim como os lugares da Uberlândia do seu tempo. Um legado que resultou também na dissertação de Mestrado no Instituto de Arte (IArte) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) do seu sobrinho, Ricardo Finotti.
Segundo o texto que integra o acervo da universidade, grande parte das obras do artista retratavam a realidade local com paisagens naturais e urbanas, cultivando um registro de uma época em que a fotografia apenas começava a se popularizar.
De acordo com Ricardo Finotti, uma de suas pinturas, por exemplo, retrata a primeira Igreja Matriz de Uberlândia, posteriormente demolida para a construção da antiga Estação Rodoviária da cidade, prédio que hoje abriga o depósito da Biblioteca Pública Municipal, que passou a funcionar no antigo Fórum da Cidade, plantado onde fora a Estação Central da Mogiana.