O BRASILEIRO SEGUNDO JOÃO UBALDO RIBEIRO

O BRASILEIRO SEGUNDO JOÃO UBALDO RIBEIRO

Carlos Franco

Estreou ontem no Teatro Municipal de Uberlândia o premiado espetáculo “Viva o povo brasileiro” inspirado no livro homônimo de João Ubaldo Ribeiro lançado em 1984. O texto que narra a saga dos que construíram este país trata nesta montagem musical, com trilha composta pelo genial Chico César, da herança negra e recebeu o subtítulo “de Naê a Dafé”.

O espetáculo, com sessões neste sábado e neste domingo, dentro da programação do bem-sucedido projeto Uberlândia na Rota das Culturas, encanta pelo visual apurado e a qualidade vocal de seus participantes que dão vida aos personagens que evidenciam a força do povo preto na formação e construção do país.

Capitaneado pelo ator e ativista cultural mineiro Maurício Tizumba (prêmio Shell de melhor ator por este trabalho), a obra oferece um mergulho na força da mulher preta e das violências a que foi submetida para conquistar seu espaço e contribuir para nossa formação.

O diretor André Paes Leme focou na montagem em apenas um terço do livro do imortal baiano João Ubaldo Ribeiro que tem mais de 700 páginas e narra cerca de 400 anos de história do país visto por aqueles que foram marginalizados, mas que deram importante contribuição para a formação do nosso povo com sangue, suor e lágrimas sem perder ou se distanciar dos sonhos de justiça e liberdade.

Com 30 canções criadas por Chico César, o espetáculo apresenta a história destes que insistem em existir na adversidade, uma característica do brasileiro que, mesmo vítima, aposta que dias melhores virão e canta e dança, celebra a vida e insiste em não morrer. É essa a magia da montagem e de parte do livro que assegurou a João Ubaldo Ribeiro, em 1984, o Prêmio Jabuti de melhor romance e que conquistou a passarela do samba no Rio de Janeiro em 1987 quando a Unidos da Tijuca apresentou o seu samba-enredo inspirado na obra “Viva o povo brasileiro”.

Sim, quem for ao teatro assistir à esta montagem, sairá da sala convencido de que, apesar de tudo, somos um povo eclético, miscigenado e que, como João Ubaldo Ribeiro, faz uso do humor até para expor os seus dramas. Viva, portanto, o povo brasileiro. Viva a força da literatura e a pujança do teatro em sua grandeza e musicalidade que nos torna únicos no mundo.

Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu e o baiano João Ubaldo Ribeiro.

editoraolympia

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